Pessoal, Bem Vindo!

Bom, para todos vocês terem uma boa leitura e não se perderem no Blog ( que é meio complicado de acompanhar mesmo.), é só acompanhar pelo Arquivo do Blog, de baixo para cima.
O início de tudo é em Personágens destas tórridas histórias.
Se alguém estiver em dúvida em algo, aqui está meu msn ju_diabinhax@hotmail.com, é só add e tirar a dúvida!

Beiiijoos pessoas e Boa Leitura ! :D

quarta-feira, 2 de março de 2011

15 de Janeiro de 1987

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15 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 20:30 pm


Hoje, voltamos para o estúdio para gravar para o novo álbum. Pilotava a minha Harley muito , nervoso, então decidi parar... Ia à casa de Denny no Gower and Sunset (sempre um garoto de classe). Não tinha minha colherzinha, então comprei uma garrafa de Pepsi, joguei  a garrafa fora, guardei a tampa e fui ao banheiro me drogar. O lugar era nojento - círculos pretos e manchas de bosta em volta da bacia e grafites de mal gosto por todas as paredes.
 Sentei sobre meu capacete, no chão, e enchi a tampinha com água da privada. Não sei por que não enchi com água da torneira, como uma pessoa normal. Pus a tampa da garrafa no assento com xixi e sujeira. Enfiei a seringa na água suja e a lavei, pus o pó junto com a tampa e esquentei, queimando os dedos. Então, só puxei e empurrei.
 Ir para o estúdio era perfeito agora... sentia-me morto.



Doug Thaler: Fui empresário do Mötley Crüe junto com Doc McGhee e, quando comecei, Nikki era um chute no saco. Ele tinha uma atitude submissa conosco, como se fossemos autoritários, e nunca entendeu que queríamos ajudá-lo. Eu costumava ir às reuniões da banda com o estômago embrulhado.
 Um dia, tive um estalo e falei para ele: "Você não pode ser um idiota a vida toda". Disse que apresentaria as idéias para o grupo primeiro para ele, antes de propô-las à banda, e ele gostou disso. Aos poucos, melhorou muito. Gosto que ele me considere um como irmão mais velho ou um mentor. Uma amostra do descontrole de Nikki foi que, enquanto o Mötley estava em estúdio, ele queria estar junto, a qualquer hora da noite ou dia. No Girls,Girls,Girls ele ficou muito mais afastado do processo. Freqüentemente, não estava nem ai com nada, e quando resolvia participar, não estava preparado para nada - só fazia coisas sem sentido.Foi quando percebi quão doente ele estava. 


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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

14 de Janeiro de 1987

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 14 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 11:30 am


Na noite passada, depois de Jason saiu, foi uma loucura. Não o tenho agradado muito, mas a coca continua mil por cento. Estava rastejando pela casa, ouvindo vozes, quando notei os discos de platina pendurados na parede e, de repente, os odiei. Por que estão ai? O Mötley é música e paixão e não um amontoado de pêmios sem vós de uma indústria que arranca milhões de dólares de nós e nos odeiam. Então, fui de sala em sala arrancando os discos das paredes e colocando na garagem. De repente, senti-me estúpido... nós merecemos aqueles discos, devemos ter orgulho deles. Então coloquei de volta no chão, embaixo de onde estavam pendurados.
Estaremos de volta ao estúdio amanhã. 


Bob Michaels: Nikki era muito na dele. Às vezes, nada mais importava para ele, a não ser ficar nas alturas. Ele sempre começava a coisa como simples diversão, mas ia até o ponto em que nada mais importava, a não ser ficar totalmente dopado. Costumava checar sua caixa de correio sete vezes por dia, mas não era exatamente a correspondência que ele procurava...  os traficantes costumavam deixar a droga lá. Então ele ia à caixa, depois ao banheiro, e voltava totalmente tranqüilo. 



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13 de Janeiro de 1987


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13 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 21:00 pm

Hoje, liguei para minha irmã. Não tenho idéia do porquê . Não temos nada para dizer um ao outro.



Ceci Comer: Meu irmão Nikki, sete anos mais velho que eu, está em meu coração assim como minha fé - o que é estranho, mas verdadeiro, embora ele não mereça estar. Nunca entendi isso, mas sempre senti dessa forma. Sinto, também, muito desprezo por ele.
Quando éramos crianças, brincávamos juntos em El Paso. Escorregávamos na lama, pegávamos sapos e cobras  e atirávamos bombinhas um no outro, no 4 de Julho. Uma vez, vovô tirou um enorme cacto espinhoso de dentro de sua joelheira; outra vez, Nikki cortou tão fundo o dedo no chiqueiro que precisou levar pontos. Veio cambaleando e sangrando muito. Um dia, foi atingido por um raio na soleira da porta. 
Nikki se tornou meu herói quando me salvou de uma enorme cascavel - pensei que pudesse amansá-la, mas ele correu e me puxou para longe do bote armado dela. Ele costumava ter cobras como animais de estimação. Uma vez, uma delas matou e comeu minha tartaruga. Queria matar aquela cobra. Nikki ainda me deve essa.
Eu e mamãe nos mudamos para Washington e Nikki foi morar com nossos avós. Pensei que, na cabeça de mamãe isso fosse temporário e que Nikki viria se juntar a nós quando tudo melhorasse, mas ele nunca veio. Acho que Nikki imaginou que mamãe me amasse mais que a ele, ma não era isso - apenas eu era jovem e ainda estava sob sua guarda. Mamãe sempre tentou reservar um quarto para o Nikkinas casas em que moramos.
Depois que Nikki ficou famoso, nós reamente o perdemos de vista. Ele nunca nos procurou, nem mesmo quando estava na cidade. Nas poucas vezes que estivemos juntos, ele foi um idiota. Perguntava como as coisas estavam e eu lhe pedia pra parar com o papo furado ou mudar de assunto. Ele era rude, cheio de si, pisava em mim muitas vezes... um idiota. 




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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

12 de Janeiro de 1987

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12 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 16:00pm 




Entrei num programa de metadona e acho que estou indo bem. Davey me disse que foi assim que se livrou do vício, então tenho esperanças... toda manhã, às nove vou até lá - a estrela viciada em seu Corvette preto, com seu gorro de esqui e óculos escuros - para minha dose diária. Quero me livrar dessa merda... e é preciso me esforçar para isso. Não sei como farei a temporada se não conseguir. mas eu posso fazê-lo... desde que não me lasque muito. 



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Nikki: A maioria dos programas de metadona leva 30 dias e objetiva livrar dependentes de heroína dessa droga e mantê-los longe de agulhas usadas, HIV, traficantes e toda a tralha desse vício. Costumava tomar minha metadona e depois chamar Jason. Andava tão tenso que devo ter adicionado a metadona à minha já impressionante lista de drogas em que me viciara.
 "Davey" - cujo nome verdadeiro não pode ser publicado - é uma das maiores estrelas do rock do mundo. Não posso dizer seu nome... mas durante minha juventude, admirei muito sua música... 



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11 de Janeiro de 1987


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11 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 23:00pm 


Eu e Pete passamos o dia nas carreiras. Pete fala de como tem centenas de coisas para fazer, mas, ao mesmo tempo, nunca consegue fazê-las. Ele ainda me deve 9 mil dólares de fiança que paguei quando foi pego muito alto e com um monte de marcas no braço. Ele diz que me pagará... seja o que Deus quiser...
 Tirei algumas conclusões sobre ele. Seus cabelos estão sempre legais, com tranças, mas eu nunca o vejo sem chapéu ou sem uma toalha na cabeça, quando sai do banho. É tão perfeito... Será mesmo seu cabelo? Acho que é peruca.


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Nikki: Pete nunca me devolveu o dinheiro. Depois que ele sumiu, ouvi muitas histórias sobre suas aventuras. A última que tinha sido preso roubando um banco - de bicicleta. Não sei se é verdade, mas é a cara dele.  





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10 de Janeiro de 1987

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10 de Janeiro de 1987 
Van Nuys - 21:40pm  
 
Hoje toquei meu violão e acho que preciso escrever mais canções para o próximo álbum. Tentei compor, mas as palavras simplesmente não vinham... isso me assustou porque eu vivo só para a música.
 Tommy, Vince e também o Mick têm família para encontrar em casa, no fim do dia. A música tem sido minha família desde sempre e agora estou perdendo isso também. Cada canto da minha mente está cheio de teias de aranha e medo... 


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09 de Janeiro de 1987

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09 de Janeiro de 1987 
Van Nuys - 00:00am

Amo essa casa... nas horas em que não a odeio. é engraçado, nunca a tinha visto antes de comprá-la. Nicole a escolheu para mim, então nos mudamos. Fizemos dela nosso covil de heroína e a abandonamos por meses.
 Agora Nicole se mudou e tenho ficado com Vanity. Deixei uma viciada e estou com uma consumidora de crack... Isso é progresso?  
 Adoro perambular pela casa, de cômodo em cômodo. Adoro que ela seja tão escura: uma casa que pode guardar segredos. Não quero deixá-la, mas tenho de ir porque os ensaios começam semana que vem.





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Nikki: A casa era na Valley Vista Boulevard, em Van Nuys, L.A. Minha namorada Nicole a escolheu para mim. Estava viajando com a Theatre of Pain, com o Mötley, enquanto ela via propriedades em L.A, filmava-as e trazia as imagens para me mostrar. Levei apenas alguns minutos para dizer sim. Qual era o grande objetivo? Nenhum, a não ser que eu tinha muito dinheiro e podia comprar uma casa em qualquer lugar.
 Contratei uma decoradora que vivia às voltas com seus fornecedores e amostras e sempre me encontrava dopado, fora de mim. Ela pisou em agulhas usadas, tropeçou nas garrafas de coca vazias e nas garotas nuas desfalecidas em meu tapete persa de 25 mil dólares cheio de queimaduras de cigarro, sem mover uma pálpebra. Devo cumprimentá-la por isso. Ele é muito profissional.
 Minha casa era repleta de veludo vermelho e acessórios góticos que se destacavam na escuridão. Era uma casa onde era possível se perder - e perder a cabeça.  


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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

08 de Janeiro de 1987

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08 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 03:25am




 Às vezes, se não o conhecesse bem...
 Pensaria que meu traficante está tentando me matar.



    Little mean faces                                          
    Here I sit in the dark                                   
    Letting my insanity run away                    
    Little mean faces stare back at me            
    Chanting rhytms of my fate                        
    I know they're not real                                 
    And I'm sure I'm really quite sane             
    Because if I was crazy                                   
    I would have given them all little names.   




10:00am 


Pete não vai admitir isso, mas ele adquiriu o hábito também. 




12:00


COISAS A FAZER: 


Comprar cordas pra guitarra
Comprar comida
Chamar o empresário de volta
Retornar a ligação do decorador
Comprar mais fechaduras para as portas
Consertar a janela quebrada nos fundos. 




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Nikki: Minha casa era um lugar de desgraça constante. Todo tipo de desordem podia se multiplicar. Um dia, consegui um mstro de Stripper para pôr no meu quarto, porque achava elegante. Pouco tempo depois, arranquei-o de lá, porque decidi que era um lixo, brega. Mudava sempre a decoração. Isso era sempre muito confuso. Parece que é o que acontece com quem está pirando. 



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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

06 de Janeiro de 1987

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06 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 23:30pm 


Há algo engraçado sobre a heroína. Na primeira dose, você se entrega, sente-se doente e não consegue se mover. Deita de costas, seu cérebro parece se contorcer e o corpo treme... vocÊ acha que é a droga mais estúpida que existe. Só mesmo sendo muito estúpido para usá-la de novo.
 Então, por que eu usei de novo? Porque meus heróis usaram... adoro meus heróis porque eles não estão nem ai para nada; e eu, realmente, não estou nem aí para nada. A haroína, depois que se tornou minha companheira virou como que um cobertor numa noite fria. Não conseguia me imaginar sem ela. Não fico doente com ela agora - fico doente se fico sem. 
 Não é engraçado como funciona ? 




 Nikki: A cocaína me tornou distante, selvagem e psicótico: a heroína me equilibrou e me deixou mais calmo. Podia me automedicar em casa por muitos dias, com a devoção de um cientista pesquisador. Talvez tenha encarado isso como a filosofia chinesa do yin e yang. Isso tudo faz sentido na imaginação de um viciado. 





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Tommy Lee: A primeira vez que experimentei heroína foi na casa de Nikki, na Valley Vista Boulevard. Ele estava usando e eu pensei: "Foda-se, eu quero experimentar essa merda".
 Atirei-me no sofá, empurrei a agulha e , imediatamente, senti a maior força do planeta. Eu estava deitado e então, num minuto, tive de correr para o banheiro, vomitando pelo caminho. Fiquei muito alto, voltei para o sofá e desmaiei. Mais tarde, pensei: "Não sei se quero isso. Fiz uma picada num ponto tão minúsculo e, assim mesmo, desfaleci. Que porra é essa?" 
 Perguntei a Nikki: " VocÊ tem certeza de que quer essa merda?" Mas, ao contrário de mim, Nikki parecia legal, muito satisfeito. 





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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

05 de Janeiro de 1987

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05 de Janeiro de 1897
Van Nuys - 21:30pm 



 Estou ouvindo Dolls e Stooges. Uau! Impressionante. Mistura de um pouco de John Lee Hooker ou Buddy Miles.
 Então, o primeiro albúm do Aerosmith. Eu amo música... Isso é o que é vida, Burroughs, Kerouac, Ginsberg... as chamas de quem brilha. 

 Outras pessoas fugiram da vida. Como eu, Keith Richards, Johnny Thunder - nós vivemos isso. Estamos bem aqui, sentindo tudo, no ato... O único caminho para se viver de verdade é confrontar a própria mortalidade. 


Nikki: Eu realmente costumava pensar assim. Keith e Johnny viviam assim, então, por que não eu?  Sei que isso parece loucura agora, mas, naquele tempo, parecia o único jeito de viver.
 Eu era só mais um astro do rock, desgastado e confuso. 



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Mick Mars: Nikki estava sempre tentando se rebelar. Ele tinha dinheiro suficiente para viver como Sid Vicious e, como ele sempre o admirou, fez exatamente como Sid: assumiu o mesmo jogo. Naturalmente, nunca lhe ocorreu que Sid terminasse por se suicidar. Nikki, então, tomou tanta droga porque era infeliz? Bem, estou bem feliz agora e não estou consumindo droga nenhuma.  




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04 de Janeiro de 1987

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04 de Janeiro de 1987 
Van Nuys - 00:00am


Bob Michaels veio aqui esta noite. Bebemos algumas cervejas, compusemos um pouco... Bob é um bom garoto. Ele me acompanha, mas não é como eu. Ele é normal. 




Bob Michaels: Nikki Sixx e eu somos amigos desde 1983. Lembro daquele garoto alto, sobre saltos, com enorme cabelo preto e maquiagem. Pensei: "Que porra é essa?", mas nos tornamos amigos logo. Foi no edifício Party Central.
 Achei que todos os moradores se envolviam com narcótico, traficando ou consumindo. Robin Crosby, do Ratt, morava no andar debaixo do de Nikki, e Tommy andava o tempo todo por lá.
 Continuamos amigos quando Nikki se mudou para a Valley Vista Boulevard, em Van Nuys, mas na época ele estava se afundando no vício - heroína, álcool... Nikki punha tudo o que pudesse no braço - heroína, coca e coisas que jamais deveriam entrar no organismo. Pessoalmente, acho que seus problemas vêm, exatamente, desde a prisão de Vince Neil, em 1985. Aquilo fez Nikki pensar pela primeira vez: "O que aconteceria se a banda parasse?". Talvez isso o tenha assustado, porque foi quando começou a perder o controle sobre o vício.



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03 de Janeiro de 1987

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03 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 17:20pm


Querido Diário, estamos num típico dia de folga em meu paraíso de estrela do rock. Acordo por volta do meio-dia... Se estou na cama, vejo se estou sozinho. Se estiver com alguém, tento lembrar o nome dela - mas isso não tem acontecido muito, ultimamente. Garotas têm uma maneira de parar as coisas...
 Arrastar-me da cama, sentir ressaca ou ainda estar dopado. Limpar a noite passada dos olhos. Imaginar se preciso de um banho. Decidir que não... vou me sujar de novo mesmo.
 Num dia bom, tocar guitarra. Num dia ruim, navegar na frente da MTV. Na maioria dos dias, as duas coisas. Fazer um pouco de barulho para me despertar. Algumas pessoas usam café para isso. Todos temos rituais. Então, começa... A coceira começa. A coca me deixa nervoso, então dou uma pequena cheirada no café-da-manhã, com um valium ou dois pra me acalmar. Mas preciso de Jason. Se sua secretária eletrônica está ligada, sento e fico me contorcendo até ele ligar de volta. Quando o telefone toca e é Jason, é a melhor coisa do mundo. Se não é, quero que a pessoa do outro lado morra. Imagino que eles sabem da minha aflição e que só ligam pra me atormentar.
 E quando, por fim, Jasom não liga? É aí que o desejo começa. Depender de narcóticos é a pior coisa do mundo. Espero que isso nunca lhe aconteça. A não ser que já esteja acontecendo. Quando se está doente com as drogas, a única coisa que se quer é aplicar a heroína. É tudo sobre o que se pensa... isso lhe persegue.
 Às vezes, pego algumas camisas, espremo um pouco de suco de limão nelas e tento extrair um pouco de cc. Tenho feito de tudo. Uma vez usei uma coisa esquisita que estava escondida numa moita no jardim da casa do meu fornecedor - achei que dera sorte, mas era só uma porra de um saco de açúcar refinado. Cara, quando sei de cara com ele echei que tinha encontrado toda droga do mundo... 
 Mas quando Jason finalmente chega, tudo fica melhor. É como se ele portasse um poder de cura... E esse puto faz alarde desse poder sempre que pode. 




Vince Neil: Sabe qual o problema de Nikki Sixx? Ele não consegue fazer nada com moderação. Não pode usar só um pouco de coca - tem que usar toda ela. Ele não quer só um pouco de heroína. Não sabe tomar uma taça de vinho. Quer o bar todo - é oito ou oitenta





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01 de Janeiro de 1987


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01 de Janeiro de 1987
Van Nuys - 06:00am


 Vanity apareceu ontem com uma montanha de coca. Eu estava bem até aquele momento. Tenho tido boas noites de sono, para começar o dia. Normalmente tomo um banho e toco minha guitarra.
 Mas já que este é um diário novo, deixe-me falar um pouco sobre Vanity. Ela costumava ser cantora do grupo do Prince, ou isto é o que ela diz. Nós nos desencontrávamos em diversos outros assuntos, mas tínhamos, pelo menos, uma coisa em comum: a droga. Eu a acho uma garota doce, assim como me acho um bom rapazs.
 Ela tem cabelos lisos castanhos, olhos castanhos e é muito bonita, mas, como eu, normalmente parece estar no inferno. Como dizem, erros atraem erros... não há ditado mais certo. 

 O Mötley estará de volta aos esúdios semana que vem e eu disse aos rapazes que tenho músicas novas. A verdade é que não tenho escrito muito. Não consigo me concentrar em nada, exceto... o de sempre.
 Então escrevemos algumas linhas enquanto Vanity prepara a droga. Ela fala, fala, fala sobre irmos à festa de Ano-Novo, mas sabemos que não iremos a parte alguma. Por mais que ela fale continuo escutando em minha cabeça... o desejo... água na boca por uma tragada no cachimbo... bonito e feio ao mesmo tempo.

 Então, tudo seu errado, como sempre.
A pegada fodeu com a cabeça de Vanity e ela começou a falar por enigmas, declamando com loucura sobre Jeses e espiritualidade, sobre como ela era com a porra do Prince ou algo assim...
 Não fazia sentido e eu não conseguia fazê-la parar, então comecei a berrar para ela ir se foder com o Jesus dele e que desse o fora de minha casa. Ela foi embora e eu voltei ao meu closet com a arma de meu avô  cobrindo a port, e agulhas e colherzinhas espalhadas pelo chão, aterrorizado porque via pessoas invadindo a casa e vinham me pegar.


 De fato, eu odeio essa merda. Estou bem agora, mas ninguém acreditaria no que aconteceu na minha cabeça... é assombroso. Agora que me acalmei, tudo se parece com uma peça de tetro chata que assisti. Há 30 minutos, podia ter matado alguém, até a mim mesmo. Preciso de uma cela acolchoada, estou te dizendo...
           Oh, sim... Feliz Ano-Novo...




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11:30am

 Aí vem o novo ano... A mesma coisa doa ano passado?
 Pete disse pra eu abrir logo aqueles presentes de Natal...



Nikki: Vanity foi e voltou durante diferentes períodos da minha dependência. Era uma negra selvagem quando cantava com Prince: deve ter sido amante dele naquela época. Houve um tempo em que eu pensava em Vanity como uma pessoa disponível, uma agulha usada. Uma vez desfrutada, estava pronta para o lixo, a não ser que a gente esteja desesperado.
 Talvez o modo como conheci Vanity devesse ter me alertado: aquele relacionamento não era normal. No começo de 1986, eu dividia minha casa com um cara chamado Pete. Na verdade, ele morava "mais ou menos" comigo. Estava entre Keith Richards e Herman Munster e parecia a mais indiferente das estrelas do rock, exceto que não podia tocar merda nenhuma. Nós costumávamos sentar em minha casa, assistir a tevê, cheirar coca e escolher as garotas com quem gostaríamos de ficar. Então, eu ligava para o escritório do Mötley e eles nos conseguiam os telefones das garotas e nós podíammos ligar para elas. Era uma diversão... nunca nos tocamos de que estávamos jogando com a vida de outras pessoas.
 Vimos Vanity na MTV, e quando Pete disse: "Cara, lá está a velha garota do Prince", eu disse: "Ótimo, ele tem um pênis minúsculo". O escritório ligou para Vanity e arranjou um encontro para nós.
 Ela abriu a porta nua, olhando pra tudo. De qualquer modo, senti que podíamos apenas nos satisfazer. Nós nos tornamos camaradas na droga. Algumas vezes até achavam que éramos namorados. Vanity também me ensinou como realmente fumar. A primeira vez que fumei foi com Tommy, quando o Mötley estava começando.
 Na maioria das vezes, aspirava ou injetava coca. Quando ela me mostrou a real da queima de uma boa pedra... foi amor. Não por ela, pela droga.




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Evangelist Denise Matthews:  O dicionário Webster define "Vanity" como algo sem valor. Que erro grosseiro! Deus me perdoou esse nome feio. Pode-se dizer que sou uma colecionadora: colecionei uma longa lista de nomes ao longo dessa minha viagem paranóica. E fui, corajosamente, aonde a maioria ainda não havia ido, escondendo-me sob o rosto inocente de quem nunca ousou nada.
 A maioria não me chamam de Vanity há muito tempo. Meus amigos me chamam de Denise; os Saints me chamam de Evangelist. Isso realmente não é problema. Eu não atendo por Vanity. Prefiro a morte a ser tratada por esse nome nojento e vazio. Sou uma nova criatura de Cristo, e pretendo continuar mudando para melhor. 













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Janeiro de 1987

  Qualquer um poderia dizer que eu tive um caso de amor com uma ampola de injeção de iocc.                     

Dezembro de 1986

Feliz Natal. Bem, é o que as pessoas dizem no natal, certo ?   



25 de Dezembro de 1986
Van Nuys - 19:30pm

Feliz Natal

 Bem, é o que as pessoas dizem no natal , certo ? Normalmente elas têm alguém a quem dizer. Têm amigos e familiares à sua volta. Não foram encontradas nuas, com uma agulha no braço, como um louco, sob uma árvore-de-natal, numa mansão em Van Nuys. 
 Não estavam fora de si, escrevendo num diário, e também não estavam passando esta importante data religiosa  congelando o próprio sangue numa colherzinha. Não falei com uma única pessoa naquele dia. Pensei em chamar Bob Timmons, mas por que arruinaria o Natal dele ?
 Acho que nessa época decidi escrever o diário, por algumas razões: 
          - Não tenho ammigos.
      Então posso escrver e relembrar o que fiz no dia anterior.
      Por fim, ao morrer, deixarei nas curtas anotações suicidas toda uma trajetória de vida. 

Feliz Natal, somos somente você e eu, Diário. Bem-vindo à minha vida. 


Bob Timmons: No Natal de 1986, Nikki já era dependente de cocaína e heroína havia, pelo menos, um ano, possivelmente um pouco mais. Como conselheiro, encontrei Nikki pela primeira vez quando o empresário da banda, Doc Mcghee, chamou-me para trabalhar com o vocalista Vince Neil. No começo Nikki foi muito hostil comigo. Tentou fazer com que eu fosse barrado nos bastidores e que não me aproximasse deles. 
Mas Nikki e eu nos aproximamos, aos poucos, e no começo de 1986 ele me pediu ajuda por causa de seu vício. Eu o aconselhei a internar-se num centro de reabilitação, mas ele se recusou, disse que não precisava disso. E teimou bastante com isso. 
Ao longo desses anos, trabalhei com vários artistas que foram discos de platina, dos Rolling Stones aos Red Hot Chilli Peppers, e uma coisa ficou clara desde o começo: a trajetória do Mötley Crüe foi marcada por decadência e bebedeiras.
Nesse ponto, eles foram os mais radicais que conheci, e Nikki entre eles, o mais radical de todos. Ele dizia: "Estou fazendo exatamemente o que quero, e foda-se todo mundo."  


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26 de Dezembro de 1986
Van Nuys - 02:10am

Jason veio outra vez. Fiquei emocionado.Papai Noel existe, além de tudo.
Com seu rosto alongado, brilhantes cabelos estilo James Dean e olhos de viciado, ele parece estar sempre maquiado.
Jason se aproximou da árvore e perguntou como tinha sido meu Natal, como se não soubesse... Às vezes, Jason enchia o saco com suas tentativas de puxar papo. Sempre me perguntando o quanto heroína eu queria, e eu, o quanto ele havia conseguido. Então ele me olhava com desdém e respondia que achava que era o suficiente...
Sua namorada gótica, Beth Page Anastásio, não era muito melhor. Ela era legal, mas eu sabia, no fundo, que para eles eu não passava de um vale-refeição que tornava a vida mais fácil, mais folgada. Sei que ela disse a Jason para arriscar quando o chamei porque ela, mais do que ele, queria o dinheiro. Não foi exatamente pela droga, ams eles não se aproximaram de mim o suficiente para mudar seus hábitos modestos, embora ela gostasse de decorar a quitinete com o dinheiro extra, esse foi o verdadeiro motivo de ela ter permitido que ele me atendesse... Usava o dinheiro extra para comprar artigos de segunda mão.
Eu a vejo como uma espécie de Suzie Homemaker do inferno, mas é pura fantasia...Ela também é levada pelo hábito...

Nikki: Meu fornecedor Jason e eu tínhamos uma relação de amor e ódio. Eu o amava porque bastava ligar para ele e, em 20 minutos, ele aparecia com tudo o que eu precisava. E o odiava porque isso estava me matando.
Ele me amava porque eu lhe dava centenas ( às vezes milhares) de dólares num dia.
E me odiava porque eu era um cara rico e gastador que conseguia tudo o que queria , e quando queria.
Eu costumava pilotar uma Honda Shadow pelas ruas do bairro, sem camisa, totalmente fora de mim. Uma vez Jason começou a falar sobre Harleys e o quanto ele as amava. Tommy tinha uma e, no dia seguinte, eu saí, comprei uma e fui até a casa de Jason, mostrá-la. Ele ficou furioso: era seu sonho, e eu havia comprado! Ele me via como sua ruína.
Jason era tão viciado em heroína quanto eu. Um cara alto, magro, que em outra vida teria sido modelo ou algo assim, mas que parecia, na verdade, um cadáver. A verdadeira razão de seu ódio: ambos vivíamos para as drogas, mas eu podia me dar ao luxo de ter o que quisesse.



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27 de Dezembro de 1986
Van Nuys - 04:15am 

A melhor parte da cocaína é antes de ela bater pela primeira vez. Adoro aquele momento, exatamente antes de levar o cachimbo à boca... o momento em que tudo ainda está nos conformes e o desejo, a salivação, a excitação são sentimentos naturais, como numa preliminar. A dor que é sempre melhor que o orgasmo.
Acendo o cachimbo e em 30 segundos todo o inferno se arrebenta  em meu cérebro e eu repito isso muitas e muitas vezes, e não consigo parar. Todo dia que sento aqui e escrevo, acontece o mesmo. Então, por quê? Por que faço isso? Odeio tudo isso, odeio muito, mas amo muito mais. 



A pior parte desse vício é conseguir sair dele. Mas eu tenho outras opçoes - bolinhas de todo tamanho. 
O vício  ainda não é o bastante. Sinto como se ainda estivesse na metade do caminho.

Tommy Lee: Voltando ao Girls,Girls,Girls, nós estávamos começando a fazer pilhar de dinheiro. Com o dinheiro, vieram o sucesso, o poder, o excesso de prazeres e experimentos. Sixx e eu, em particular, tomávamos uma montanha de narcóticos e ele sempre queria me empurrar coisas: "Ei, que tal experimentar essas duas juntas? Que tal heroína e cocaína ao mesmo tempo? "
Naquela época, descemos, de fato, ao fundo do poço.Todos o conhecemos, mas entre nós, Nikki era o que mais parecia gostar dele.



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28 de Dezembro de 1896
Van Nuys - 21:40pm

Depois de farrear a noite passada - ou foi esta noite? - estava convencido de que havia pessoas querendo me pegar. Eram mais do que simplesmente sombras e vozes, mais que fantasias... eram reais, e eu estava assustado.
Meus ossos tremiam, meu coração acelerou-se... pensei que fosse explodir. Estou contente de ter você para conversar... para registrar isso. Tentei dividir isso com alguém, mas, quando me entrego à loucura, fico sozinho com ela...
  Eu sempre acabo no closet do meu quarto. Deixe-me falar sobre ele, meu closet. É mais que um closet - é o céu para mim. Sei que, quando estou lá, estou a salvo, pelo menos enquanto estiver bem alto. Não posso ficar do lado de fora do armário - há muitas janelas e sei que estou sendo obsevado.
  Neste momento, parece impossível que haja poliiais observando das árvores, ou pessoas olhando pra mim pelo buraco das fechaduras, nas portas. Mas quando a droga age, não consigo controlar minha mente.
 Hoje, os sentimentos da noite passada parecem de muito tempo atrás. Mas a coisa mais doente é que eu farei isso de novo esta noite. 

Nikki: Essa era a rotina louca que eu levava naquele tempo. Começava em qualquer lugar da casa: no quarto, na cozinha, no banheiro. Mas quando a coca começa a agir, quando a loucura começava, eu ia direto para o closet. Era meu refúgio. Ele me escondia lá, rodeado por uma parafernália de drogas e armas, convencido de que pessoas infiltradas na casa tentavam me matar, ou que a SWAT estava lá fora, querendo me prender. Ficava muito assustado, agitava-me tanto que chegava até a desmaiar. O único meio de me trazer de voltar era a heroína. Ela fazia a loucura ir embora: era a solução fácil. Parecia fazer sentido naqueles tempos.



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29 de Dezembro de 1986
Van Nuys - 16:30pm

Tenho pensado no último Natal, qundo escolhi uma garota num clube de Stiptease e a trouxe para casa na garupa da moto. No outro dia, tivemos nossa ceia de Natal no McDonald's, tudo por minha conta. Vejo que não tenho feito muitos progressos.
Hoje, estou ouvindo Exile on main street, deitando em qualquer canto e lendo, bronzeando-me no quintal, nu... Hoje me sinto como se estivesse velho. Às vezes, sinto se tivesse duas personalidades. Uma é Nikki, a outra... Sikki. 


Ross HalfinComo fotógrafo, cliquei o Mötley e, particularmente o Nikki, muitas vezes para revistas. Lembro-me que, da primeira vez que o encontrei, em Los Angeles, simpatizamos um com o outro e decidimos sair para um drinque naquela noite. Conversávamos sentados numa mesa, numa barraca. Vince Neil estava noutra mesa, com uma garota, discutindo. De repente, Vince se levantou e deu um soco no rosto dela. Perguntei a Nikki: "Não deveríamos consertar isso lá fora?" - Nikki sorriu e disse: "Deixa isso por conta deles mesmos."  





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